Comida Viva
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comida viva | raw food | vegan | vegetariano
Vamos falar sobre alimentação, ou melhor, alimentação saudável!
Lembra-se do tempo em que o nosso prato tinha 80%, ou mais, de comida viva? Depois chegou a moda do fast food, dos enlatados, das conservas e a comida viva foi sendo posta de lado, remetida a um progressivo esquecimento. Hoje todos nós sabemos que a comida viva é vital para a nossa saúde e que, mais tarde ou mais cedo, vamos pagar bem caro a factura de termos abandonado as frutas, os legumes, as hortaliças que integravam o nosso quotidiano alimentar, e termos optado pelos refinados em detrimento das sementes e farelos.
Na nossa sociedade observamos com crescente preocupação o fenómeno da obesidade (que atinge já a fase infantil) que tem o seu expoente máximo na obesidade mórbida. Na verdade, e no ponto de vista dos especialistas de vários países onde este fenómeno é já um pesadelo, a obesidade começa no exacto momento em que uma mãe com uma alimentação deficiente do ponto de vista calórico e energético amamenta o seu bébé, passando pela errada escolha dos cardápios das cantinas escolares das escolas básicas de ensino. O adolescente que está habituado a comer determinado tipo de comida, não quer e nem gosta de ter "verdes" no prato. A consequência desta sucessão de erros nutricionais vai a médio/longo prazo resultar na tomada de medidas médicas correctivas que, do ponto de vista económico, irão penalizar o erário público com milhões de euros gastos no sector da saúde.
Segundo a ADEXO, Associação de Obesos e ex-obesos de Portugal, existem no nosso país cerca de 600 mil casos potenciais de obesidade mórbida (números de 2006) relacionados com o sedentarismo, a hipertensão arterial, o dislipedimia (alteração do colesterol), a asterosclerose, hiperinsulinemia (diabetes) entre outros tantos males da nossa sociedade ligados directamente à nossa alimentação, e implicitamente, ao que colocamos nos nossos pratos.
Então, podemos dizer que a comida funciona como remédio, isto é, se for confeccionada com alimentos vivos e de modo saudável pode representar uma "cura", mas, ao invés, também pode matar. A melhor alimentação é aquela que não é frita nem assada (algumas teorias mais radicais vão mesmo ao ponto de afirmar que não devemos cozinhar os alimentos), embora devamos reconhecer que no dia a dia do cidadão comum a prática desta regra afigura-se muito difícil.
Podemos então começar por alterar apenas o pequeno almoço. Durante uma semana, comecemos por tomar o pequeno almoço em casa, deixar aquilo que comemos habitualmente em casa ou nas pastelarias e vamos passar a tomar um bom copo de sumo e, porque não,dar uma oportunidades às frutas?
Ainda me lembro de, na minha infância, e nos dias em que o meu pai decidia ser ele a fazer o pequeno almoço, tudo ser uma festa de sabores e variedades. Ele fazia suco/sumo de frutas, punha um pouco de tudo, as vezes exagerava e ficava uma papa, nas de modo geral era sempre bem gostoso. A receita básica era sempre igual, maçã, cenoura, laranja, tomate (descascado e sem grainha), beterraba , salsa, ou hortelã e pepino, depois vinham as variações, mamão, manga, folhas de alface, folhas da beterraba e tantos outros ingredientes que ele ia encontrando pela fruteira ou geladeira.
Depois de adulta, mantive a prática dos sumos, e acrescentei as sementes: de linhaça, de trigo, de centeio, de girassol, enfim qualquer uma, adoro sementes e se tenho oportunidade deixo as germinar em casa, apesar de já existirem bons produtos germinados nas dietéticas e/ou ervanárias.
Para germinar uma semente, basta colocá-la em água durante a noite e de manhã colocar num escorredor e deixar assim até à noite. Olhe para a semente, você já consegue ver a germinação. Para consumir, basta passar por água. Ficam óptimas em sumos e em saladas.
Não sou vegetariana, a carne e o peixe são heranças culturais, e eu gosto de um bom bife ou um "suchi" bem feito, mas, pela minha saúde, reduzi muito este tipo de alimentação. Por isso, aposto mais na comida viva, nos pratos coloridos e saudáveis, onde os reis e rainhas são as verduras, os legumes e as hortaliças, todos ralados, picados ou simplesmente rasgados.
Tenho pacientes que já aderiram à comida viva e os resultados são visíveis em termos práticos. Menos peso, uma melhora significativa no humor, diminuição do sedentarismo, alteração nos resultados das análises de sangue, menos colesterol, valores menores de glicemia.
Contudo, atenção os medicamentos, que só devem ser retirados pelos médicos que os prescreveram. Não podemos, simplesmente, substituir medicamentos por comida viva; devemos, isso sim, à medida em que vamos melhorando, informar os nossos médicos para a diminuição das doses ou simplesmente a sua retirada.